Permaneci no ponto cego, faicheclair na mão.
Começo por baixo, o espaço é curto
Tento ver o que está por cima e você mirando feito águia pra mim.
Tanto fervor que não precisaria morder assim os próprios lábios.
Cheiro de madeira doce. Subo pela rigidez querendo arrancar cada músculo liso com os dentes.
Me sufoca entre elas. Paro com as unhas afundadas na sua morenisse e ergo a cabeça catatônico...
Sorri dissimuladamente linda
Enxergo estradas umidas refletidas pela luz e apenas sigo. Pelo odor, pelo arder.
Cego, sinto a dor quase lacrimal de um tranco arranhado levando pra si e obedeço. Mordo os próprios dentes pelas mãos que me guiam.
Diz alguma coisa impossível de ouvir.
Me levo por essa avenida. A vista...
Gosto de passear pelas orquídeas
Me encara superior e me sente chegando, pede o seu gosto na minha boca.
O dedo percorre o rosto admirando imperfeiçoes e no susto aperta de qualquer jeito, morde o ombro tatuado e beija o olho.
É lindo seu espanto indeciso.
Me olha o espectro e me pede um filho seu.
terça-feira, 9 de março de 2010
segunda-feira, 8 de março de 2010
Rua 99
Só o olho consigo ver daqui.
fecha e abre devagar. Cansado.
permanece atráz do carro, agachado... Covarde.
Leva a mão por dentro da camisa prenssando-a contra a barriga flácida.
As unhas pretas vão à boca.
Dá pra ver o pouco dos dentes quase todos podres.
A bala de maçã verde de dentro dos trapos é a melhor, lembra a infância de alguém.
Coloca com cuidado dentro da boca imunda, bem ali no canto esquerdo.
Imita a propaganda de sorvete que viu na vitrine da esquina, onde comprou seu corote. Fecha o olho devagar, respira fundo.
Os olhos abrem. Sua cabeça já está lambendo o chão.
Só mais alguns arranhões nessa coleção de rua
Entra no carro a mocinha. Idade da filha que deixou quando partiu
Dirigindo vai um velho.
mesa de jantar, coxa gordurosa na boca.
Pança de homem leviano.
Anel de doutor no dedo mais sacana da mão que sobe à perna.
A menina? Coagida e coadjuvante.
Sorriso debochado esmagando o infantil.
A lama do pneu, a virilha do homem no chão,o chorume e o resto do lixo que ele come.
Nada cheira tão mal quanto o cachorro velho e sua carniça.
fecha e abre devagar. Cansado.
permanece atráz do carro, agachado... Covarde.
Leva a mão por dentro da camisa prenssando-a contra a barriga flácida.
As unhas pretas vão à boca.
Dá pra ver o pouco dos dentes quase todos podres.
A bala de maçã verde de dentro dos trapos é a melhor, lembra a infância de alguém.
Coloca com cuidado dentro da boca imunda, bem ali no canto esquerdo.
Imita a propaganda de sorvete que viu na vitrine da esquina, onde comprou seu corote. Fecha o olho devagar, respira fundo.
Os olhos abrem. Sua cabeça já está lambendo o chão.
Só mais alguns arranhões nessa coleção de rua
Entra no carro a mocinha. Idade da filha que deixou quando partiu
Dirigindo vai um velho.
mesa de jantar, coxa gordurosa na boca.
Pança de homem leviano.
Anel de doutor no dedo mais sacana da mão que sobe à perna.
A menina? Coagida e coadjuvante.
Sorriso debochado esmagando o infantil.
A lama do pneu, a virilha do homem no chão,o chorume e o resto do lixo que ele come.
Nada cheira tão mal quanto o cachorro velho e sua carniça.
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