terça-feira, 9 de março de 2010

Cheiro de Boca

Permaneci no ponto cego, faicheclair na mão.
Começo por baixo, o espaço é curto
Tento ver o que está por cima e você mirando feito águia pra mim.
Tanto fervor que não precisaria morder assim os próprios lábios.
Cheiro de madeira doce. Subo pela rigidez querendo arrancar cada músculo liso com os dentes.
Me sufoca entre elas. Paro com as unhas afundadas na sua morenisse e ergo a cabeça catatônico...
Sorri dissimuladamente linda
Enxergo estradas umidas refletidas pela luz e apenas sigo. Pelo odor, pelo arder.
Cego, sinto a dor quase lacrimal de um tranco arranhado levando pra si e obedeço. Mordo os próprios dentes pelas mãos que me guiam.
Diz alguma coisa impossível de ouvir.
Me levo por essa avenida. A vista...
Gosto de passear pelas orquídeas
Me encara superior e me sente chegando, pede o seu gosto na minha boca.
O dedo percorre o rosto admirando imperfeiçoes e no susto aperta de qualquer jeito, morde o ombro tatuado e beija o olho.
É lindo seu espanto indeciso.
Me olha o espectro e me pede um filho seu.

Um comentário: