sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Nostalgie für den Krieg

Tem quase cheiro de chocolate
Cor de pavê feito por vó
Lendo eu quase ouvi sua voz chorosa, e um passarinho
Saudade
Domingo, dormindo
Colchão na sala, hora vaga na agenda
Aluguei mais um filme pra você
Cozinhamos e brigamos juntos
O almoço vira jantar
Olhos
Molho de tomate no nariz

Lembranças de guerra


quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Nessa manhã o mundo me lavou de maneira fria e censurada

-No momento não posso ajudá-lo nem aconselhá-lo sobre isso senhor. Seu caso será mandado para os supervisores.

-Tá... Mas o que eu faço com isso?

-Sinto muito senhor, isso é o sistema.

Nesse meio tempo o tempo pára.
A linha cai, a folha da janela de vidro fecha com o vento repentino e quebra.
Nesse meio tempo a vida pesa
O pé não levanta e o passo é falho

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Descobri depois de velho que no copo quebrado não se coloca a boca....

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Ida

Acordei de um estalo.
Era minha cabeça batendo no vidro do carro depois que ele passou numa cratera vermelha.
Um pouco mais que o de costume, desperto puto..
Mas chove estrada afora e isso é ótimo.
Fones nos ouvidos ,"Stop your bleeding"...abri um pouco a janela, só um pouco.
Abri e fechei milhões de vezes o telefone pra não sei o que...
Ele não funciona aqui,
ninguém vai ligar e as horas (uma hora dessas) não interessam.

E no passo torto disso meu boi encantado
que voa ao meu lado e leva você no lombo
Trás com todo cuidado
o que tinha no preparo pro encontro.


quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Buffet

Do desmolde inconformado,
Achismo desvairado
E telefonemas estéricos...Faço gosto

Das frases feitas,
Prestativismos condenados
E desabafos como este empanzinados de bloguisse...Acho graça

Desses quebrantos zen benzidos,
Classudos descabidos
E do meu próprio modelo feminino...Tiro gozo

No meio disso tudo amarrei, amordacei e queimei todos os lugares pelos quais passei e passamos e os que um dia quis passar



"O inferno nem é tão longe"

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Transformo em larva cada dia que passa.

domingo, 7 de novembro de 2010

Casa dos Plásticos

Dirce era feliz.
Amada e respeitada entre outras amigas.
A mais samaritana que já se teve notícia.

Dirce era magrinha.
Pernas torneadas e longelíneas.
Dedos longos e lindos que seguravam seus cigarros...


Só Dirce olhava o chão da fábrica
com aquele olhar.


PréTexto#2

Circense...

"Vem quente, rente
Na madrugada
Que é pra eu ficar bem
Será que eu vou ser dela e ela:
-Meu Deus

A verdade é que eu sou homem
E só sei brincar."


"O final da canção é tão e só mente
menos importante que o começo
é um fim sem exposição"

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O.C.O

Ando esperando o inevitável.
Inevitavelmente a vida segue
Sigo evitando os que me pegam
E me pego admirando o que é de fato.

São parêntesis (de mim) ,
Por mim uma imagem, uma palavra de cansaço...
Caçando pelo mundo o "mais"
E com preguiça do passado alvejado num presente
Futuro que acabou de passar...
Sempre.

nARCISO

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Postage

É muito físico... matemático...
Nada experimental
O homem cresce e se envergonha da vida.
Um mês ou dois e hoje reflete ouro.
Reescreve e corta, tudo.
Muito afunilaria para caber em pouco espaço.
Estranho.
O feito e o "pra fazer" não cabem juntos.
Deixa ele cheio de si quando fica firme no chão e caminha...
Com certeza sentirá deste também.
Algum tipo de privança.
Cortes com sentido apenas em plano fundo.
Em um diálogo de pouca voz

Rei do erro

("Saliva e Rasteira")

sábado, 25 de setembro de 2010

Próxima

Não se ve nada, apenas contra-tempo do tempo que vai chegar.
Nada importa.
Sua brancura é filha de um quarto sem sol.
Sente-se, toma-me uma bebida
Me envergonho de quase tudo que vejo daquilo que um dia foi dito
Falta o time, a sacada fina, a perspicácia...
Me tira desse padrão, me lava todo,
me engoma o terno e me deita/deixa no velar.
Feliz.

A película ganha mais um capítulo.

sábado, 11 de setembro de 2010

Saliva e Rasteira

O gingado que eu sempre duro
Morreu de feliz da vida
Endeusando esse Diabo
Manchado na rasura desse olhar mareado

E eu carnavaleando tranquilo e calado
Um auto-safado que sou
Amando o odiado
Clareando a névoa rala.




O prazer é todo meu!

domingo, 29 de agosto de 2010

23: 42 (Violência Violeta)

Quebrado.
Barulho, suor, cigarro
Vento gelado.
Carrega, pluga, timbra
Arde e lacrimeja.

Bate, amassa, grila
O peito estoura, uma cerveja.

Gente, gente, gente
Mais Suor
Mais cigarros

Ideia, nervos
fome, fogo
Arrasta um quarteirão

Outro timbre, alívio, gozo
Peito, boca, mão e gosto
Cheiro, Luz

E o peso da mão.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Madá

Pensei em lhe escrever um poema, mas me bloqueei antes de sentar.
Qualquer coisa que eu diga é insignificante perto do descaso nosso.
Lambi suas costas procurando algum amargor de língua.
Não pensei em nada.

Apenas saí... pra comprar.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Cria/Crua

Acordei com a cara inchada, o cabelo amassado só de um lado.
Um pé no de meia e outro no chão gelado.
Enquanto o vento sopra eu tento apagar com ele uma dúvida/meio nóia.
Reflexo de um espelho, vejo vinte vezes mais a repetição de homem.
Assim no sorrateiro espio a mancha, cópia pura, atrás do braço...
É, sou eu...
A mesma cara, rabiscada vinte anos mais nova.
O mesmo amor renovado.
A mesma luta descansada.

A paixão e a doença.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Frag

Não sei porque penso...
Me vejo preso numa lembrança meio inutil de algo que nem é tão relevante assim.
A vida é muito...
E não me dou mais o luxo de viajar em qualquer ludibri que seja.
As coisas simplesmente vão...
Boiando feito folha n'água.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Macaco

Hoje sou aquele babuíno.
Amanhã, menos macaco e mais banana.
Compro e pago aquela micagem
Que o Gorila mais sacana
Não quer saber do próprio hino...
Entregue vendido sem saber
"Pros home cum chero de óio"
Um verdadeiro Donkey Kong
Depois do sangue escorrer
Deixo de lado esse ódio
E depois de ontem
Muito mais Homem por assumir muito mais Congo...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Ludwig - em cena -

Uma caixa de sapatos, um copo,"Four Provinces", numa tarde qualquer.

...A velha carta nunca entregue...

"...
Hoje a manhã meio inlucida, nasceu chiada. Mais que bucólica, uma briga de azuis e brancos.
O final rascunnhado de pernoite, prelúdio matinal.
Na rádio mulheres modernas são felizes.
Meu café esfria amargamente ao ponto.
Espio com os ouvidos as lições do dia, mais que vida.
Pra moça me aprumo todo, mesmo que não a veja, nem seja a prova do reparo.
Do seu pefil nem sinto mais falta.
Por esses dias ainda vejo se a vejo...
daqui pra lá são cinco minutos.
Me roubam a atenção melodias que não vão com o mesmo desprendimento daqueles olhos por esses quadris.
No meio do camnho piora...
No fim do começo, do começo..."



(Ao Som - "You & Me")

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Aos Olhos

A vontade de brilhar aumenta ao mesmo passo em que me vejo mais oca e mais morta.
Repito a mesma forma de cruzar as pernas pra dormir e abraçar a mesma almofada. Repito mesmo gesto com a mão no rosto o dia inteiro.
Não me lembro do que se passa, mas sei o que quero pra ontem...
Rabiscar essa parede pálida.
Brilhar na sujeira desse submundo de alto nível "Hypeado".
Costumavam falar de mim, costumava aparecer mais por aí...
Agora não digo nada. Pago cada gozo e cada vomito que sai de mim no meio da noite.

Eu quero mais.
Que me dispare o coração até que pare de uma só vez inflamado de tanta euforia fabricada.
Eu não sinto mais nada, me faz sentir.

Você me traz um medo, me traz a realidade, me traz talvez a certeza que sei que tenho, mas costumo usar uma certa luz pra ofuscar isso tudo.
A realidade só serve pra me deixar mais triste e mais feia, mais pobre de mim.



Ass/ Nina*

terça-feira, 9 de março de 2010

Cheiro de Boca

Permaneci no ponto cego, faicheclair na mão.
Começo por baixo, o espaço é curto
Tento ver o que está por cima e você mirando feito águia pra mim.
Tanto fervor que não precisaria morder assim os próprios lábios.
Cheiro de madeira doce. Subo pela rigidez querendo arrancar cada músculo liso com os dentes.
Me sufoca entre elas. Paro com as unhas afundadas na sua morenisse e ergo a cabeça catatônico...
Sorri dissimuladamente linda
Enxergo estradas umidas refletidas pela luz e apenas sigo. Pelo odor, pelo arder.
Cego, sinto a dor quase lacrimal de um tranco arranhado levando pra si e obedeço. Mordo os próprios dentes pelas mãos que me guiam.
Diz alguma coisa impossível de ouvir.
Me levo por essa avenida. A vista...
Gosto de passear pelas orquídeas
Me encara superior e me sente chegando, pede o seu gosto na minha boca.
O dedo percorre o rosto admirando imperfeiçoes e no susto aperta de qualquer jeito, morde o ombro tatuado e beija o olho.
É lindo seu espanto indeciso.
Me olha o espectro e me pede um filho seu.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Rua 99

Só o olho consigo ver daqui.
fecha e abre devagar. Cansado.
permanece atráz do carro, agachado... Covarde.
Leva a mão por dentro da camisa prenssando-a contra a barriga flácida.
As unhas pretas vão à boca.
Dá pra ver o pouco dos dentes quase todos podres.
A bala de maçã verde de dentro dos trapos é a melhor, lembra a infância de alguém.
Coloca com cuidado dentro da boca imunda, bem ali no canto esquerdo.
Imita a propaganda de sorvete que viu na vitrine da esquina, onde comprou seu corote. Fecha o olho devagar, respira fundo.

Os olhos abrem. Sua cabeça já está lambendo o chão.
Só mais alguns arranhões nessa coleção de rua

Entra no carro a mocinha. Idade da filha que deixou quando partiu
Dirigindo vai um velho.
mesa de jantar, coxa gordurosa na boca.
Pança de homem leviano.
Anel de doutor no dedo mais sacana da mão que sobe à perna.
A menina? Coagida e coadjuvante.
Sorriso debochado esmagando o infantil.

A lama do pneu, a virilha do homem no chão,o chorume e o resto do lixo que ele come.
Nada cheira tão mal quanto o cachorro velho e sua carniça.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Sozinho de você

Estamos cansados meu bem.
Parte em corpo, parte em mente...
Sentimos uma falta. Material falta.
Sem forças pro controle remoto, Fernandos, Henriques, Josés e "Luizes".
Joaquim de lado, Madalena desaparecida...
Me sinto como um mal pai, gordo e bêbado.

Nem tão homem, que não me importe com o resto e siga apenas caminhando com meu mastro para o centro do mundo como uma profecia indígena.
Nem tão mulher para me sentir a vontade com a falta inescrupulosa da verdade e o olhar subversivo que jogarei em cima de você com meu capricho.
Nem tão seco a ponto de só na cama, só, conseguir consolo absoluto.

Vi acabando, esfarelando meu caminho de pão seco...
Tá na cara, são saudades mórbidas.
Perdi Nina, me despedi de Malu , me despediram pequenas e não pronunciarei as outras talvez três.
Sempre café...sem cigarros

E desde agora perceptível, assumindo a sequidão dos diálogos casuais (audiovisuais) entre os homens. Substituidos no meu perjúrio por grandiosos monólogos cinematográficos.

Nos cegaram as retinas do céu.
Somos o degradê dos seus olhos, rios...

"Well, you can cry me a river, cry me a river
I cried a river over you"

sábado, 30 de janeiro de 2010

Óbvio

...Pode ser numa manhã de sábado, num dia horrível...
Posso ser notícia ruim, me espalho bem...
Colada ou lambida no selo, todo rasurado, feito à mão, ou impresso as pressas.
Sempre esperada por todos com aflição, sempre.
Não há coração que não dispare assim que me vê...

Uma mãe desesperada.
Uma moça que perde um rapaz de guerra.
A mulher dos seus sonhos de lá do mundo está de aniversário.
As gotas vão à lona.
A mesma conta d'água pra pagar.

Eu, pombo, lixo, merda...
Sei que sempre, ei de chegar.
Mesmo que ninguém me use mais...

Com um batom vermelho, bem do lado esquerdo.
Ou um número de série e um código de barras.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Pó de foco

Sentei no café e devaguei...

Vou pausar o Romantismo Neocolonial seguido da Contemporaneidade Cotidianista pra matutar e concomitantemente me posicionar diante do que vejo vocês vendo sem se manifestarem.
A internet é mesmo uma grande vizinhança cheia de velhas intrigueiras dessas que colocam suas cadeiras na porta de casa ou debruçam com o cotovelo nas janelas e ali se instalam como sentinelas por horas e horas afim de ocupar o que lhes resta de tempo na terra.
O caso é que, o Brasil se perde nas próprias mesquinharias, nos comentários sobre artistas que vão e que vem de algum lugar, políticos que visitam famosos nos hospitais, mais uma senhora com câncer numa clínica caríssima.
Eu na minha mais pura insignificância não vejo relevância. Mas quem ouvirá o ilustre ninguém?
Vejo a corrida desesperada, gananciosa impulsionada pela vaidade.
Ontem li o blog do Mário Bortolotto, o dramaturgo comenta indignado sobre o chilique da Folha.
Pouco tempo atrás o Estadão me lança a matéria sobre o Presidente Lula ligando pra mãe do Caetano, Dona Canô, onde ele "perdoaria" o cantor(que tipo de diplomacia é essa?).
Eu quero é saber quem é que liga pros nossos pais quando tem um PM despreparado nas ruas batendo na cara de qualquer um só porque tem uma barba ou uma tatuagem na perna, e que ainda alega que te parou porque dentro das prisões 99% do pessoal que está lá são tatuados (Meu jovem! Já parou pra pensar que nos shoppings esse número não é diferente?)
Porque ninguém vai visitar o pessoal mais humilde nos hospitais ou faz uma matéria sobre segurança pública, perguntando pra algum "mídia" qualquer: o que ele pensa sobre desmatamentos, recuperação das matas ciliares e reaproveitamentodo seu lixo?
Tá todo mundo maravilhado com as cores, a velocidade e esse intercâmbio que gira nessa panela em que muitos fuçam e poucos sabem usar.
É...Eu lutando aqui pra ainda querer ser jornalista e outros jogando diploma no lixo, sabe? Como se não valesse a pena.
Só me resta agora ser mais uma velha apodrecendo o cotovelo no vão da janela.

Não obrigado.

Cubículo

Ainda sinto o gosto da cachaça logo cedo.
Que traguei pra aguentar a falta do café, que a pressa não me deu tesão de preparar...
Sinto ainda bem cedo o sangue cheio de diesel, a vontade parar.
Pensei em expulsar todas da minha vida, as costelas tiradas à força.
O néctar, o suprassumo, meu próprio haxixe, um copo desse chorume goela abaixo.
Calo essa boca com uma média e uma mídia que eu tenho de entregar...

Desabafos de segunda

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Andar A La Caza

Escolhi um pouco mais de mim. Escolhi a batida fofa.
Um pouco mais Brasil, lance regional.
Escolhi o repente de repente.
O Fresco do orgânico, som e cheiro de chuva na pintada do sintético.
Balancei o balanceio, baguncei o meu coreto incansáveis vezes trepidando dentro de cada sentimento centímetro agulha que seja.
Ahh! Me renovarei novamente tateando no escuro, um baú colorido imundo.
Percebi que o encontro entre o que se escuta e o que se vê é inevitável e assim ali nesse canto meia luz "achar-me-ei"
"Rocksambeados" ou "Transambas Caetaneosos", "Bluesificando a Folia De Reis" e o "Baião de Jazz" finamente misturados aos "Acolchoados Almodóvares" e a "Fotografia" de Abreu.
Sempre com um motivo pra gritar, com a minha sempre musa pra esperar, na mais pura importância do vácuo e o desapego do seu sagrado.
Assim, eternamente, até que eu pense o contrário, continuarei tomando esse banho feito do que há de novo, na banheira velha da minha vó.